Segunda igreja católica mais visitada no mundo (perde apenas para o Vaticano) e o maior centro de peregrinação católica das Américas, o santuário nossa Senhora de Guadalupe na Cidade do México tem a Basílica Santa Maria de Guadalupe como grande joia, mas também esconde outras surpreendentes atrações.
Nação fervorosamente católica e devota, os mexicanos orgulham-se de sua Santa Virgem de Guadalupe, santa patrona do México, versão mexicana da Nossa Senhora Aparecida brasileira. A identificação dos nativos com a santa não é por acaso e provavelmente tem origem nas tradições indígenas. O morro onde a virgem apareceu ao índio Juan Diego, o Cerro Tepeyac, era local sagrado dos astecas dedicado a Tonantzin, a deusa mãe e dizem que os padres na época reclamavam que os índios se referiam à santa como Tonantzin.
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Santuário Nossa Senhora de Guadalupe na Cidade do México
Não pesquisei muito sobre o lugar e quando cheguei me surpreendi com sua grandiosidade. Logo que pisamos no enorme pátio de entrada, duas construções de estilos arquitetônicos disputam os olhares de visitantes e peregrinos. À frente, a antiga basílica, com suas quatro torres e o domo dourado, parece tombar, tamanha é sua inclinação para frente. À esquerda, a nova basílica tem telhado circular azulado, remetendo ao manto azul de Nossa Senhora, cobrindo e protegendo seus filhos.
Tudo gira em torno da história do milagre das aparições de Santa Maria de Guadalupe ao índio mexicano Juan Diego em 1531, dez anos após a conquista do México pelos espanhóis.
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A antiga Basílica de Nossa Senhora de Guadalupe
A Basílica velha, inscrita como Patrimônio da Humanidade pela UNESCO foi construída no local da aparição, depois reconstruída e ampliada ao longo dos anos. Em virtude de sua localização sobre o terreno instável, a edificação foi afundando lentamente, causando rachaduras e colocando-a em risco de desabamento.
Nem mesmo os massivos pilares coríntios que suportam o domo de 40 metros escaparam ilesos. Atualmente controlada, a inclinação é tão grande que ao andar em seu interior você tem a sensação de estar caindo.
Hoje chamado o Templo Expiatório a Cristo Rei, a antiga basílica que abrigou o manto sagrado de Juan Diego por 262 anos, até sua transferência para o altar na nova basílica, funciona como museu e contém pinturas e esculturas religiosas, além de oferendas trazidas ao templo pelos peregrinos como agradecimento ou pedidos de cura.
Mais de 20 milhões de pessoas visitam a basílica nova todos os anos, boa parte no dia 12 de dezembro, Dia da Santíssima Virgem de Guadalupe, carinhosamente chamada de A Indiazinha pelos mexicanos. Construída em 1976 para abrigar o crescente número de peregrinos que visitam a Virgem para agradecer os milagres ou depositar seus pedidos, a basílica está sempre florida e missas são frequentes.
O lindíssimo altar é coroado com a imagem da Virgem, emoldurada em prata e ouro, que pode ser vista de perto pelos visitantes por uma passagem abaixo do altar. Três esteiras rolantes garantem o fluxo contínuo e a organização do local.
Explorando o complexo do Santuário Nossa Senhora de Guadalupe
À esquerda da antiga basílica, uma bela escadaria coberta por folhagens e degraus enfeitados com azulejos coloridos leva ao topo do morro, de onde se descortina todo o horizonte da Cidade do México, excelente local para fotos. São poucos degraus e a singela capela El Cerrito de Tepeyac, local da primeira aparição da virgem e do milagre das rosas, apresenta afrescos da conversão dos indígenas e das aparições da Virgem, pintadas por Fernando Leal em 1947. Vale a pena.
As escadas que descem pelo outro lado levam ao Jardim das Rosas, uma grande área verde com belo trabalho paisagístico, repleto de cascatas, flores e folhagens. A cada degrau que descíamos, nos surpreendíamos com a visão que surgia, o céu azul contrastando com o verde da grama ainda mais brilhante com a incidência dos raios de sol. Um enorme conjunto de esculturas chamado “A Oferenda” mostra os maias trazendo oferendas à Virgem de Guadalupe.
Voltando, a Capilla del Pocito é uma pequena construção barroca, com domo em azul e branco, cujo teto está coberto por afrescos belíssimos (infelizmente se deteriorando), e abriga a fonte de onde emanava água sagrada, desde 1648.
A Antiga Paróquia dos Índios foi edificada em 1531, onde Juan Diego colocou a sagrada imagem e viveu para cuidar dela. É notório observar a simplicidade da igrejinha e compará-la ao esplendor da Antiga Basílica, rica em detalhes. Há relatos de que a quantidade de prata usada no altar, candelabros, utensílios e outros adornos da basílica superam 62 toneladas.
Por fim, uma atração pouco explorada e de grande riqueza é o Museu da Basílica de Guadalupe, com quase 5 mil obras religiosas, a maioria sobre a temática guadalupana e mariana do período neo-hispânico. Entre os artistas representados, estão os renomados Cristóbal de Villalpando, José de Ibarra, Miguel Cabrera e Juan Correa.
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A história da Nossa Senhora de Guadalupe mexicana
A história do milagre das aparições de Santa Maria de Guadalupe ao índio mexicano Juan Diego surgiu em 1531, dez anos após a conquista do México pelos espanhóis. Segundo relatos, Juan Diego passava pelo Cerro de Tepeyac quando ouviu uma doce voz o chamando. A voz pediu que o índio levasse ao bispo a solicitação para construir ali um templo em seu nome. Juan Diego indagou à Virgem por que não fazia o pedido a um espanhol.
Ela respondeu que estava agindo por amor e compaixão a Juan e seu povo, os índios conquistados. O chamado tinha um grande apelo, já que seu modo de vida fora anulado e viram-se obrigados a se converter ao catolicismo. Por sua origem indígena, o bispo nem sequer lhe deu ouvidos.
Na segunda aparição, em 10 de dezembro, a voz doce identifica-se como Nossa Senhora, mãe de Deus e pede que converse novamente com o bispo, que não acreditou e pediu uma prova.
No dia seguinte, a virgem volta a encontrar Juan Diego, aflito com a doença de seu tio Bernardino quando encontrou a Virgem embaixo de uma grande árvore, e lhe disse para não se preocupar, “sou sua mãe e estou aqui, e você está protegido sob meu manto.” Solicitou a Juan que subisse o morro de novo e colhesse algumas rosas para levar ao bispo. Qual não foi sua surpresa ao ver aquela terra árida toda florida. Ele colheu as flores e as envolveu em seu manto para levar ao bispo.
Em 12 de dezembro de 1531, Juan abre seu manto em frente ao bispo, as rosas desabrocham, espalham-se no chão e, impregnada no manto, aparece milagrosamente a imagem da virgem. O bispo então acredita em Juan e inicia a construção da igreja no local da aparição.
Os astecas receberam bem o evento, já que os reconciliava com sua tradição religiosa e identificaram na Virgem a deusa mãe asteca. A Santa Virgem de Guadalupe tornou-se, mais do que um símbolo religioso, a grande identidade nacional mexicana. Quando a nova república foi estabelecida em 1823, adotaram as cores azul e branco da Santa e a primeira presidente tomou seu nome, Guadalupe Victoria, como símbolo de identidade e patriotismo mexicanos.
Assim que a basílica ficou pronta, tornou-se o local mais venerado do México. Inúmeros milagres foram atribuídos à Santa Virgem de Guadalupe, carinhosamente chamada de A Indiazinha.
Todo o complexo da Basílica de Guadalupe no Cerro Tepeyac remete ao evento das aparições e vale a pena dedicar cerca de duas horas do dia para visitar o local.
Fatos e curiosidades sobre Nossa Senhora de Guadalupe
O que significa Guadalupe em espanhol?
Segundo estudiosos, quando os espanhóis chegaram no México, não conseguiam pronunciar a palavra asteca Coatlaxxopeuh (pronunciado quatlazupe), que significa Rio de Luz, e acabou virando Guadalupe.
Quando é celebrada a Festa de Nossa Senhora de Guadalupe?
Dia 12 de dezembro é feriado nacional no México, quando se comemora-se a aparição de Maria a Juan Diego em 1531. Peregrinos do mundo inteiro visitam o Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe para fazer seus pedidos e agradecer os milagres.
Santuário Nossa Senhora de Guadalupe
O quê: templos mais visitados no mundo
Onde: Cidade do México
Quanto tempo: reserve duas horas para visitar o santuário e mais tempo para o museu.
Quando ir: o ano todo. Chegue cedo para explorar o Santuário Nossa Senhora de Guadalupe sem muita gente. Evite visitá-la no dia 12 de dezembro, a menos que você deseje participar das festividades.
Onde ficar na Cidade do México
Com sofisticação
St Regis Mexico City exala luxo, sofisticação e atendimento, simpecável. Sempre bem localizado, o hotel fica na Avenida Paseo de la Reforma, próximo a várias atrações. Diárias a partir de USD 890
Com conforto
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O que fazer na Cidade do México
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Foto de capa Angela Manta.
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