Em segundos sou teletransportada ao passado assim que o opulento lobby principal se revela para meus olhos, todo revestido de mármore em combinações de tons terroso e salmão, adornado por móveis Biedermeier e peças de decoração de antiquários, como pinturas a óleo e espelhos em largas molduras douradas.

O aroma das flores que enfeitam o arranjo na mesa do centro abaixo do ostentoso lustre domina o ambiente e esta composição me remete às ricas salas dos palácios europeus onde já estive. Tudo isso acontece ao som que sai do piano de cauda dedilhado pelo pianista superconcentrado na sua arte numa esquina do hall. Assim como acontece nos filmes, o momento presente parece ter se congelado para mim.

John deve estar acostumado com estes olhares paralisados de estupefação de novos hóspedes impactados pelo contraste dos cenários e rapidamente me traz de volta à consciência perguntando meu nome com um largo sorriso e apontando a recepção na sala vizinha à minha esquerda.

O jovem recepcionista com traços alemães faz meu check-in e me apresenta as facilidades do hotel: estacionamento valet, limpeza do quarto duas vezes ao dia, refil de balde de gelo, wifi, lavanderia para o dia seguinte se eu precisar, celular para ligações sem custo e spa com sauna para homens separados de mulheres e sala de ginástica.

Enquanto me acompanha ao elevador, ele mostra o salão onde é servido o chá da tarde, o bar para o happy hour e o restaurante onde é servido o café da manhã, também aberto para almoço e jantar. Minha mente tenta absorver todas as informações visuais, auditivas, olfativas e cinestésicas e enquanto o elevador sobe ao sexto andar, entendo que o fato de ter chegado sem expectativas ao hotel foi fator predominante para ativar as inebriantes sensações daquele momento.